Tarcísio Oliveira

O equívoco da oração (Parte II) – 25

O poder da mãe que ora ou o poder da mãe que educa?

O título de um livro que tem feito feito muito sucesso por aí é “O poder da mãe que ora” de Stormie Omartian.

A sinopse do livro diz: A oração de uma mãe por seu filho é um presente que vale por toda a vida. É daquelas responsabilidades a que você não tem o direito de fugir. E à medida que você reconhece o valor da oração, a responsabilidade transforma-se em privilégio e mãe e filho são eternamente abençoados. Stormie Omartian vai ajudar você nesta tarefa tão nobre. Ela ensinará você como colocar a vida de seus filhos sob os cuidados de Deus, priorizando singelos momentos que farão grande diferença na vida de quem você mais ama.

Acho, que não é o valor da oração que as mães precisam descobrir, mas o valor da educação.

Em lugar algum da Bíblia você vai encontrar Deus dizendo: Pais orem por seus filhos. Esposos orem por suas esposas. Esposas orem por seus esposos. Patrões orem por seus empregados. Empregados orem por seus patrões. Certamente que não encontrarás.

Pais não precisariam orar por seus filhos se cumprissem suas obrigações de pais conforme recomendado pelo Senhor. Só oramos, porque no fundo sabemos que deixamos a desejar no cumprimento de nossas responsabilidades.

A oração não pode ser um substituto da obediência.

Quais são os pedidos de Deus para os Pais?

1 – Ensinar: “Pais Instruam a criança segundo os objetivos que você tem para ela, e mesmo com o passar dos anos não se desviará deles”. Provérbios 22:6. A tarefa primeira do pai não é orar, mas ensinar. Se não gastamos tempo instruindo, com certeza o faremos orando. Daí por mais piedosa que seja sua oração, ela não passará de uma admissão de omissão feita no passado. Não podemos jogar para Deus uma tarefa que é nossa. Não podemos espiritualizar nossas faltas.

No original o texto é melhor lido assim: “Instrui a criança no início de seu caminho, e quando envelhecer não se afastará dele.”

Que conteúdo é esse?

A resposta deve ser entendida no contexto do próprio capítulo 22. Assim, o caminho do qual a criança instruída não se afastaria, é o caminho do “bom nome” (Prov. 22:1), da “prudência” (22:3), da “humildade”, que leva ao respeito pelas coisas divinas (22:4), e do retirar-se para longe do caminho do perverso (22:5). Dessa maneira, o texto estaria dizendo que, se desde a infância essas virtudes (honestidade, prudência, humildade) forem ensinadas às crianças, elas poderiam perdurar por toda a vida. Ou seja, Ensine bons hábitos ao jovem, em início de caminhada; e não os deixará, nem quando envelhecer. (citação retirada do Blog Educação Adventista)

2 – Disciplinar: “Não evite disciplinar a criança; se você a castigar com a vara, ela não morrerá. Castigue-a, você mesmo, com a vara, e assim a livrará da sepultura”. Provérbios 23.13 e 14. A tarefa do pai não é orar, mas disciplinar.

Já viu crianças sem domínio próprio, descontroladas, sem a mínima noção de propriedade, meliantes mirins, que são o terror do dono da casa quando vão com os pais a uma visita? E pais que apenas olham e sorriem compassivamente, admitindo sua impotência, mas sem se importar com isso? Outros chegam a perder a liberdade, com medo de sair de casa com o pequeno vândalo só para não passar vergonha?

Pois é,

Salomão nos diz em Pr 29:15 que: “A vara e a repreensão dão sabedoria, mas a criança entregue a si mesma, envergonha a sua mãe”.

O que uma mãe envergonhada pela malcriação dos seus filhos fará? Com certeza vai orar pedindo a Deus por eles. Está errada!

A mãe tem que pedir perdão a Deus pelos erros dela. Não é pelo filho que os pais deveriam orar, mas por eles mesmos. Porque para ser pai, precisamos de um gigantesco aparato interior para cumprir com eficiência essa missão.

E ainda Provérbios 29:17 : “Castiga o teu filho, e te dará descanso; e dará delícias à tua alma.” Veja, o descanso dos pais não é fruto da ação de Deus no coração dos filhos, mas no coração dos pais. O resultado final de pais que não se omitiram de suas responsabilidades é a honra. Quer descanso no futuro? Discipline seu filho.

Pois é, não ore por seus filhos, ore por você que é pai. Quem precisa de intervenção divina não são os filhos, mas os pais. Os pais são, para os filhos, a primeira noção que eles terão de Deus na vida. Não é no céu que eles encontram a Deus, mas no caráter aperfeiçoado de seus pais dentro de casa. Não é te vendo orando que eles verão a Deus, mas muitas vezes, será te vendo instruindo-os, disciplinando-os, corrigindo-os. Pois o pai que ama, esse disciplina. Disciplinar é discipular.

“E já vos esquecestes da exortação que vos admoesta como a filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, nem te desanimes quando por ele és repreendido; pois o Senhor corrige ao que ama, e açoita a todo o que recebe por filho. É para disciplina que sofreis; Deus vos trata como a filhos, pois qual é o filho a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos se tem tornado participantes, sois então bastardos e não filhos”.

“Além disso, tivemos nossos pais segundo a carne, para nos corrigirem, e os olhávamos com respeito; não nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos espíritos e, viveremos? Pois aqueles por pouco tempo nos corrigiam como bem lhes parecia, mas este, para nosso proveito, para sermos participantes da sua santidade. Na verdade, nenhuma correção parece no momento ser motivo de gozo, porém, de tristeza; mas depois produz um fruto pacífico de justiça, nos que por ela têm sido exercitados”. Heb. 12:5-8; 9-11

Deus está nos esculpindo em vasos santos, e o processo pode ser doloroso. “Eis que bem-aventurado é o homem a quem Deus corrige; não desprezes, pois, a correção do Todo-Poderoso. Pois ele faz a ferida, e ele mesmo a liga; ele fere, e as suas mãos curam”. Jó 5:17-18

Eu repreendo e castigo a todos quanto amo; sê pois zeloso e arrepende-te “. Apoc. 3:19.

Quando, porém somos julgados pelo Senhor, somos corrigidos, para não sermos condenados pelo mundo. 1 Cor 11:32.

Os açoites que ferem purificam do mal; e as feridas penetram até o mais íntimo do corpo. Prov. 20:30″.

Confira o trecho de uma reportagem do jornal O GLOBO acerca de um fórum de família que acontecerá na Casa do Saber:

– As crianças reclamam, mas gostam de limites preestabelecidos. Essa educação sem limites cria sociopatas e jovens com problemas de relacionamento social – diz o Dr. Domênico, que acredita que hoje muitos pais delegam a criação dos filhos à escola. – O que a gente quer mostrar é a importância da família na construção da saúde emocional das crianças – explica.

SEM REGRAS, SEM AUTONOMIA

Dizer não aos filhos é difícil, mas dizer sim o tempo todo pode transformar uma criança mimada em um adulto sem autonomia, eternamente dependente dos pais. Essa teoria será demonstrada cientificamente pelo psiquiatra Fábio Barbirato, que dá como exemplo uma escola da Zona Sul do Rio, que manda e-mail para os pais perguntando se os alunos do 9° ano (adolescentes de, em média, 14 anos) fizeram os trabalhos de casa.

– Daqui a três anos essas pessoas estarão indo para a universidade, que autonomia têm? Os pais têm obrigação de dar limites, não podem ser reféns dos filhos, até porque as crianças não vão descobrir isso sozinhas e, lá na frente, tomarão uma pancada da vida – defende o psiquiatra.

Para ele, as conquistas de todos, principalmente das crianças, devem vir através do mérito. Não sendo assim, as atitudes só vão estimular o famoso “jeitinho”. Outra crítica é em relação aos pais “amiguinhos” dos filhos:

– Mãe que se veste com a saia igual à da filha não tem identidade, sem isso não tem respeito.

A educadora Tania Zagury atribui a falta de limites a uma interpretação errada, de 40 anos atrás, quando se achou que a imposição de regras acarretava problemas emocionais – período que coincide justamente com a infância de quem é pai hoje.

– A função principal dos pais é formar a moral e a ética dos filhos, mas hoje a maior preocupação dos pais parece ser fazer a felicidade das crianças – observa. – Só que, se os pais fizerem tudo o que os filhos querem, a criança cresce com uma visão distorcida do mundo, não fortalece a capacidade de ouvir os “nãos” da vida.

EDUCAÇÃO COMO PREVENÇÃO

É difícil, mas necessário. A própria educadora admite que ninguém gosta de ver os filhos chorando.

– As coisas estão tão invertidas que a mãe que educa, hoje, diz que é durona. Mas, na verdade, essa mãe educa – diz Tania.

Hábitos de leitura, de alimentação e de vida também estarão em pauta nesse encontro sobre saúde emocional. Isto porque o médico Cláudio Domênico acredita que a base da prevenção de doenças é a educação. E educação começa em casa:

– O pai obeso, que come mal, não pode reclamar que os filhos comem mal. A mesma coisa com aquele que nunca deu um livro de presente para o filho, mas cobra que ele leia. São os exemplos.

Limite, como lembra Domênico, nada tem a ver com maus-tratos. E os critérios variam, já que não há uma criança igual a outra.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/…/impor-limites-o-que-cria…

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Eis porque na disciplina e na admoestação nossos filhos serão guardados da morte. Eis porque na disciplina e na admoestação os nossos filhos verão a face mais amorosa de Deus em nossas ações. Porque quem ama, se importa. Não fale de Deus para seu filho se você não estiver disposto a agir como Deus. Não é de olhos fechados e de joelhos que seus filhos verão a Deus, mas de olhos bem abertos enxergando o comportamento de seus pais. Melhor do que ensinar o seu filho a orar, ensine-o a respeitar os mais velhos, ensine-o acerca do valor do Não na vida, ensine-o a amar o seu próximo, seus irmãos, seus amigos e seus inimigos. Ensine-o sobre o valor de dar a outra face, pois isso é agradável a Deus e assim ele estará adorando-o com a própria vida. Não gaste tempo ensinando seu filho a cantar ou a pregar, mas a amar. Ensine-o a se comprometer com os ensinos de Jesus. Ensine-o que a oração é vivida e não falada.

Por isso digo, que a maior tarefa dos pais não é orar por seus filhos, mas educá-los. sua oração não pode ser um jeito piedoso de jogar para Deus uma responsabilidade que é sua. Não peça por seus filhos, peça por você. Peça sabedoria e coragem para disciplinar quando for preciso, coragem para firmar o Não como Não e o Sim como Sim, sem meio termo. Peça a Deus firmeza na decisão, pois seus filhos vão precisar ver em você firmeza de caráter. Peça firmeza para que você não seja vítima das vontades e dos vícios do seu filho.

É comum receber pais devastados pelos erros dos seus filhos e me perguntam: O que eu faço? E eu lhes respondo perguntando: Aonde foi que você errou? Se tiver que orar, ore por você!

Certamente Deus será misericordioso em restaurá-los, mas antes disso, reconheça sua omissão e seus erros em não ouvir ao Senhor.

Nossos filhos erram conosco, como erramos com o Senhor. Precisamos lembrar que antes de sermos pais somos filhos. Desse modo, só um bom filho será um bom pai.

Tarcísio Oliveira

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Tarcísio Oliveira
Artigos: 38

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