EKKLESIA: DO SER E DO FAZER
Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações…, ENSINANDO-OS a OBEDECER todas as coisas que eu vos tenho mandado…
Mateus 28:19-20
Temos muito o que conversar acerca da igreja do Senhor. Estou tentando simplificar ao máximo nossa eclesiologia e reformular plenamente nossas intenções. Nunca o texto de Mateus 28.19-20 falou tanto ao meu coração como o tem nestes últimos dias: tem servido como referência para toda a minha prática ministerial.
· “Ide e fazei Discípulos” – isso não é abrir igreja conforme os nossos modelos fossilizados de ministérios.
· “Ensinando-os a guardar TUDO que vos tenho ensinado” – Isso é SER igreja, não abrir igreja. É tudo mais simples do que imaginamos. Ensinar a obedecer, apenas isso! Não tem a ver com relatórios, materiais, prédios, púlpitos, seminários, membresia, denominação, dominação, etc.
· “Ensinar a obedecer” pode ser em qualquer lugar (não por qualquer pessoa), a qualquer hora (não de qualquer jeito). Todos os recursos e ferramentas pedagógicas disponíveis devem ser utilizados (Jesus usava muito as parábolas, por exemplo), sem nunca perder de vista o alvo: fazê-lo desenvolver-se e alcançar a maturidade em Cristo;
· “Ensinar a obedecer” apenas para quem quer ser ensinado, assim cai o mito/fardo da frequência. Neste sentido quanto menor for a igreja mais efetivo será o teu trabalho.
No “Ensinar a obedecer” a ênfase recai sobre o caráter e não sobre os números de cultos, de congregações, evangelismos, de células, de batismos, e etc. Os relatórios e números são necessários, APENAS, para justificar a manutenção de uma estrutura alienante e alienadora, que distancia o homem do verdadeiro discipulado, à medida que não o confronta como deveria fazê-lo, deixa-o “solto”, ensinando-o a entoar cânticos mentirosos, por exemplo.
No “Ensinar a obedecer” a avaliação se torna processual, diagnóstica e dinâmica, pois o ato de ensinar a obedecer não é um fim em si mesmo, mas deve ser um meio natural, cotidiano, de “inspirar” e orientar o outro a posicionar-se adequadamente diante de Deus.
Para “Ensinar a obedecer”, tem que no mínimo, estar no processo de submissão ao ensino do Mestre; tem que ser ensinável para ensinar. Ou seja, tem que ser discípulo para fazer discípulos. Para ensinar a obedecer é preciso já conhecer o caminho da obediência: não posso ensinar o outro a andar em um caminho desconhecido para mim. Assim, evangelizar deixa de ser um evento, um folheto, uma frase, e se constitui como um longo processo de ensino/aprendizagem e vida. Não é um encontro, mas longos encontros até que Ele volte.
Isso nos liberta da multidão com seus anseios terrenos, carnais e carregados de vaidades. Não somos mais empregados de igreja, mas formadores de discípulos. A pessoa fica sabendo exatamente o que se espera dela, e não o que ela espera de nós e do nosso Senhor.
Formamos discípulos, não somos supridores de necessidades. Quem quiser, vem! Quem não quiser, zarpa fora! Não temos que ficar paparicando crente que não quer nada com nada. Ele tem uma chance, se não quiser, pode ir à semelhança do “Jovem rico” no seu encontro com o nosso Senhor.
Isso tudo arrebenta com o tema “Crescimento de Igreja”: G12, G5, MDA, Igreja com Propósitos, etc. A igreja não tem que crescer, ela tem que SER. Essa maldade imposta sobre os ombros dos líderes diminuiu a qualidade da vida em nossas comunidades e desumanizou os pastores. O Reino de Deus é para poucos; não é para todo mundo. É para quem quer! Eu não preciso seduzir ninguém como se estivesse vendendo um produto barato; não, não é assim. Há um preço no discipulado e são poucos que de fato estão dispostos a vivenciá-lo no seu dia-a-dia. Não estamos à procura de membros para a nossa organização, mas formamos pessoas á imagem e semelhança de Jesus, o nosso Mestre.
Já dizia o apóstolo Paulo acerca desse projeto:
“Meus filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto,
até que Cristo seja formado em vós”.
Gálatas 4.19 – ATÉ QUE CRISTO SEJA FORMADO EM VÓS…
“Eu de muito boa vontade gastarei, e me deixarei gastar pelas vossas almas, ainda que, amando-vos cada vez mais, seja menos amado”. II Cor. 12.15
Aqui temos uma bela promessa: “E eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”. Mt 28. 20.
Tarcísio Oliveira