“São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão! ” Mateus 6:22-23
“Olhos” no texto refere-se à maneira como enxergamos as coisas. Ou seja, à maneira como compreendemos ou interpretamos os fatos à nossa volta.
Então, podemos ler o texto da seguinte forma: Se a minha leitura do fato boa, eu me posiciono de uma maneira boa diante deste fato; e isso trará saúde para mim. Se a minha interpretação for errada, eu me posicionarei diante da situação de forma errada; e isso trará doença para mim.
Quando entrei em depressão, foi exatamente essa a sensação que tive. Tudo o que eu via, que anteriormente fazia sentido, agora, não mais fazia sentido para mim. Nada tinha cor nem sabor. Nada tinha brilho, tudo era cinza. Nada reverberava em mim, tudo se findava em si. Os objetos deixaram de ecoar, perdi completamente a capacidade de traduzi-los. Perdi a capacidade de ver o mundo dos significantes fiquei limitado ao significado das coisas.
Aprendi que o mundo com o qual eu me relaciono é uma mera interpretação. Não há nada de real e valioso nele que não seja resultado do meu valor dado. Entendi o valor de um cérebro saudável. Aprendi que tudo depende da forma como eu interpreto o mundo fora de mim. Ou seja, se a minha interpretação for boa, minha vida será boa. Mas, se a minha interpretação for má, viverei um eterno equívoco.
Alegria, beleza, prazer, bem, mal, bom, ruim, querer, não querer, fazer, não fazer, e etc. Tudo isso são adjetivações do meu cérebro acerca das coisas. E é a partir desses conceitos que eu me posiciono frente a elas.
O nosso cérebro foi programado para agir a partir de categorias de valores. O cérebro organiza o mundo à nossa volta classificando-o a partir do conceito de valor. Nos devotamos mais àquilo que valorizamos mais. É desse jeito, senão, não suportaríamos o peso da quantidade de informações que recebemos no dia-a-dia. Tem que haver uma classificação para gerar organização e, consequentemente, uma ação.
Veja a importância que tem para nós a interpretação. Se a minha interpretação (olhos) for boa, minha ação será boa. Se o meu valor for correto acerca de determinada coisa, minha ação para com ela será boa.
O fim da depressão é o ressurgimento da capacidade de interpretar e atribuir valor ao mundo fora de mim.
Nele, que caminha conosco no vale da sobra da morte dos sentidos,
Tarcísio Oliveira