Significa dizer que o mau se tornou a norma da vida. Quando o mau se torna a norma, dizemos que ele assumiu a forma de lei; visto que, “Nomus” é lei e quando o mau se torna lei, quer dizer que ele se impõe como princípio universal e imutável. E o que vem depois daí é uma subjugação da vida às normas ditadas pelo erro.
Assim era o contexto no qual estava inserido Ló, o personagem bíblico que se viu vivendo numa região em que o mau se tornou tão normal, que a designação de naturalidade se tornou designação adjetiva de tudo o que não presta – assim era morar em Sodoma…
Ser sodomita não era apenas designação de quem nascia naquela região, mas de quem incorporava como hábito os maus hábitos daquele lugar. Ser sodomita era a designação de tudo o que não prestava incorporado pela cultura daquele lugar; dos modus operandi do lugar; uma maneira de agir, operar ou executar uma ação seguindo sempre os mesmos procedimentos. Esses procedimentos se tornam códigos culturais; signos designadores e determinadores do jeito de ser e de fazer.
Gênesis 13:13
Ora, as pessoas que viviam em Sodoma eram extremamente malignas e praticavam pecados horríveis contra o SENHOR.
2 Pedro 2.7
E Deus livrou o justo Ló, que vivia oprimido com o procedimento corrupto e libertino daqueles incrédulos. O procedimento da cidade era corrupto e libertino. E quando você está inserido numa região onde o jeito de ser e de agir é permeado pela corrupção, o normal é o mau determinar também o seu modo de agir.
Quando o mau se torna normal justificamos nossas ações baseadas nas ações dos outros: “Todos fazem”, dizemos. “Por que só eu tenho que agir diferente?”
Quando o mau se torna normal justificamos nossas ações numa espécie de Declaração Universal dos Direitos Humanos de Fraqueza. E assim falamos: “Afinal de contas, eu sou humano”; “Errar é humano!”.
Mas, acho que o pior mal que o mau pode nos fazer é o anestesiamento dos sentidos. Ou seja, o embotamento da sensibilidade para com o erro. Quando não sofremos diretamente o mal dos maus, nos tornamos indiferentes. Somente quando ele bate à nossa porta é que despertamos, não porque somos justos, mas por causa das perdas decorrentes de sua ação sobre nós. Nada nos toca, enquanto, não somos tocados pelas consequências mal.
Mas nem sempre foi assim. Houve um homem que em meio ao caos da corrupção moral decidiu em seu coração não se submeter aos ditames da maioria. Ele não se acostumou com o erro!
“Porque este justo, pelo que via e ouvia diariamente, quando habitava entre eles, sentia sua alma atormentada por causa das muitas obras iníquas daquelas pessoas. …”
Sim, Pedro vai dizer que Ló era atormentado “pois, vivendo entre eles, todos os dias aquele justo se atormentava em sua alma justa por causa das maldades que via e ouvia” (2 Pedro 2.
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Ló não dormia em paz por causa do que via e ouvia todos os dias da sua vida naquele lugar. Ló não se acostumou com o erro!!!
Ló nunca achou o mau uma coisa normal. A sua angústia nos ensina que é possível estar sem ser.
1 Coríntios 10:13
Não vos sobreveio tentação que não fosse comum aos seres humanos. Mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além do que podeis resistir. Pelo contrário, juntamente com a tentação, proverá um livramento para que a possais suportar.
Vemos, portanto, que o Senhor sabe livrar os piedosos da provação e manter em castigo os ímpios para o dia do juízo,
especialmente os que seguem os desejos impuros da carne e desprezam a autoridade.
2 Pedro 2:9,10
… pois o homem é escravo daquilo que o domina. 2 Pedro 2:19.
Nada justifica a nossa adesão ou indiferença ao erro. O mau não pode sequer ser mencionado entre nós, diz o apóstolo Paulo: “Entre vocês não deve haver nem sequer menção de imoralidade sexual nem de qualquer espécie de impureza nem de cobiça; pois estas coisas não são próprias para os santos. Não haja obscenidade nem conversas tolas nem gracejos imorais, que são inconvenientes, mas, ao invés disso, ação de graças. Porque vocês podem estar certos disto: nenhum imoral nem impuro nem ganancioso, que é idólatra, tem herança no Reino de Cristo e de Deus”. Efésios 5:3-6
Minha oração sincera é que Deus liberte os nossos sentidos da imposição do mal como mau estrutural. Que o nosso sangue seja desintoxicado do erro cotidiano a que somos submetidos toda vez que assistimos a televisão, vemos os noticiários, ouvimos uma música, andamos pelas ruas ou simplesmente chegamos ao serviço. O mau incrustado, ligado a nós como crosta,colado profundamente. O mau como cultura, modo de ser e de pensar.
Que o senhor nos liberte do cinismo de ver sem se tocar.
Ajude-nos a sofrer com o erro. Não é normal errar. O mau não é normal.
Em Cristo,
que é Santo,
Tarcísio Oliveira
